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DUNA – PARTE DOIS

Por: Val Oliveira

Dune – Part Two, 2024, EUA
Direção:
Denis Villeneuve
Roteiro: Denis Villeneuve, Jon Spaihts, baseado em: Duna, de Frank Herbert
Elenco: Timothée Chalamet, Zendaya, Rebecca Ferguson, Javier Bardem, Charlotte Rampling, Stellan Skarsgård, Josh Brolin, Austin Butler, Florence Pugh, Dave Bautista, Christopher Walken, Stephen McKinley Henderson, Léa Seydoux, Anya Taylor-Joy.
Duração: 2 h 46 min.


Sinopse: Paul Atreides (Timothée Chalamet) se une a Chani (Zendaya) e aos Fremen enquanto busca vingança contra os conspiradores que destruíram sua família. Uma jornada espiritual, mística e marcial se inicia. Para se tornar Muad'Dib, enquanto tenta prevenir o futuro horrível, mas inevitável que ele testemunhou, Paul Atreides vê uma Guerra Santa em seu nome, espalhando-se por todo o universo conhecido. Enfrentando uma escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo, Paul deve evitar um futuro terrível que só ele pode prever. Se tudo sair como planejado, ele poderá guiar a humanidade para um futuro promissor.



Leia a resenha do primeiro filme.


Denis Villeneuve retorna com a segunda parte do seu épico, a adaptação do clássico livro “Duna”, de Frank Herbert (leia a resenha). A primeira parte da adaptação do primeiro livro foi lançada em 2021. A obra foi aclamada como uma ótima adaptação, com bastantes elogios à direção, fotografia e narrativa. Compreendendo em suas quase 3 horas de filme a primeira metade do livro, a versão de 2021 era um belíssimo filme, mas resumia bastante a trama original, tornando mais palatável ao publico atual. Enquanto adaptação, a primeira versão lançada nos cinemas, em 1984, com direção de David Lynch, era muito fiel à obra original, mantendo os personagens, tramas e com uma maravilhosa direção de arte A cenografia é maravilhosamente steam punk, e enche os olhos. Visto hoje em dia, os efeitos visuais do filme de Lynch, em parte, se mostram datados. Mas enquanto adaptação, o que se via nas telas era uma adaptação quase literal. O filme de Villeneuve elimina as tramas, personagens e modifica situações alem de mudar a personalidade/importância de outros.
Villeneuve traz o espetáculo visual e sensorial. Sua versão tem cenas que são quase uma pintura, com imagens belíssimas (fotografia de Greig Fraser), e uma trilha sonora impressionante (cortesia do badalado Hans Zimmer), sem falar dos excelentes efeitos visuais. Isso se repete nessa segunda parte. O filme é magnífico em seu visual, sendo uma obra que realmente deve ser vista no cinema, e em especial numa sala Imax, onde toda sua grandiosidade pode ser apreciada.



“Duna - Parte Dois” retoma a linha narrativa de onde tinha acabado anteriormente, com o primeiro contado dos Atreides com os Fremen. Aceitos em sua comunidade, Lady Jessica se torna Madre para os Fremen, substituindo a moribunda antecessora, enquanto Paul vai se tornando a figura messiânica, o Kwisatz Haderach, o predestinado, aquele que irá liderar os Fremen e tornar o planeta Arrakis em um paraíso. Em sua jornada, Paul cria uma guerrilha contra os Harkonnen, que o vai levar a uma inevitável guerra contra o Imperador, além de consumar sua vingança contra o Barão Vladimir Harkonnen e toda sua família. Para isso, ele irá beber a água da vida e finalmente se tornar o líder dos Fremen.


A segunda parte do épico de Villeneuve criar diversas cenas que não existem no livro, e que acabam soando mais como uma tentativa de criar um blockbuster, algo acessível para o publico atual, que não teve contato com os livros de Herbert, e que possivelmente se assustariam com a complexidade da obra. Alguns personagens importantes não têm seus destinos revelados (Thufir Hawat, o mentat da casa Atreides é sumariamente ignorado, por exemplo). Não acontece o nascimento prematuro da Irmã de Paul, Alia, que tem um crescimento acelerado e se torna ainda criança uma Bene Gesserit, e considerada uma “abominação”, e que graciosamente ajuda a matar o Barão Harkonnen utilizando uma adaga Dagacris. Feyd-Rautha Harkonnen, o sobrinho psicopata do louco Barão, que costuma abusar sexualmente de garotos dopados, aparece desde o inicio do livro. Aqui, Villeneuve o guardou para aparecer no segundo filme, em uma cena desnecessária, onde ele luta em uma arena contra sobreviventes do massacre contra os Atreides.



O filme também ignora a trama ecológica do livro, abordado na primeira adaptação para os cinemas, mostrando a relação entre a especiaria e os vermes de areia, focando na ação bem orquestrada e no lado messiânico de Paul, dando até mais ênfase na semelhança entre os fremen aos povos islâmicos, em especial aos beduínos, que já tinha a correlação no livro. A guilda espacial e sua influência nas Casas e a dependência da Especiaria também é ignorada. Enquanto Timothée Chalamet melhora em sua relação com o personagem, a reinterpretação de Chani, com a insossa Zendaya, foge do que é realmente retratada no livro, se tornando uma adolescente emburrada. O imperador (Christopher Walken) é mostrado como um idoso sem pulso. Já Stilgar, intepretado com excelência por Javier Bardem, tem um crescimento em relação ao livro, se tornando um dos melhores personagens em tela. E, não poderia comentar o desperdício de Anya Taylor-Joy, como uma breve visão futura de Alia.



“Duna - Parte Dois” é um filme com visual belíssimo e com uma bela direção por parte de Villeneuve, mas enquanto adaptação perde no quesito fidelidade, criando situações que não tem relação com o livro, inserindo e modificando personagens, modificando a personalidade de outros, tentando ser uma obra palatável às novas gerações, mas soando vazio em conteúdo.


Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/duna-parte-dois?id=1120
| 499 | 28/02/2024
Duna oferece um belo espetáculo visual, mas falha enquanto adaptação
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